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sexta-feira, 18 de maio de 2012

TRAJETÓRIA DA ESCOLA NO BRASIL, SEGUNDO DERMEVAL SAVIANI


Os temas educacionais abordados na obra de Dermeval  Saviani, são polêmicos, tratando do analfabetismo relacionado com a causa da marginalização; responsabilizando a ação discriminatória da escola por marginalizar sujeitos que já vem de uma situação econômico-social injusta, analisando, classificando e ‘jogando fora’ da dita sociedade ‘certa’, os sujeitos que não se adaptam ao modelo escolar.A marginalização também pode ser detectada no fato da escola não acolher a cultura diferente da sua. O conhecimento que o aluno traz consigo deve ser valorizado, pois uma cultura não pode ser avaliada em mais ou menos importante ou interessante, que outra.

No seu estudo sobre as teorias, ele analisa que na pedagogia tradicional, a educação é vista como direito de todos e dever do Estado. Como a falta de educação é característica dos marginalizados, a escola aí já entra como agenciadora da sociedade analisando os sujeitos (ainda criança), preparando os escolhidos e excluindo(jogando ás margens) os ‘imprestáveis’. Para Dermeval Saviani, no livro Escola e Democracia, a escola deveria ser um espaço de equidade, esta ideia tem sido estimulada, devido ao seu entendimento de que um bom ensino reflete na vida social, preparando o individuo para o futuro. Nesta obra, o autor relata a ideia de estudantes excluídos por serem conceituados, lançando-os fora do sistema de ensino-aprendizagem. Saviani analisa que essa questão é extremamente prejudicial, pois traz danos quase que insolúveis para a sociedade, uma vez que as pessoas envolvidas na arte de educar, podem de alguma forma trabalhar na profilaxia e combate a desigualdade cultural e social.

Surge com a Escola Nova um movimento de reformulação da pedagogia tradicional, só que a injustiça agora será feita com os sujeitos que têm necessidades especiais, são segregados e discriminados como inaptos(inúteis).

O Tecnicismo – uma educação em massa- com a finalidade de preparar mão de obra especializada para operar máquinas; que sejam práticos, obedientes, completamente adaptáveis aos comandos e aos trabalhos geralmente repetitivos. Os sujeitos que pensam diferente ou não se adaptam ao sistema seriam taxados de preguiçosos, incompetentes e ineficazes. Mais uma vez a instituição escolar serviu de ‘setor de triagem’ pro sistema operante. Essas três teorias trabalharam em favor da classe dominante em detrimento das classes desfavorecidas. Reproduzindo terrivelmente as ‘castas sociais’.
Ainda hoje persiste a prática dessas teorias nas escolas, que funcionam como fábricas que seleciona matéria prima, prepara os considerados ‘bons’ e joga fora o ‘resto’ (o que não serve). Seguindo em sua preocupação máxima de  produzir trabalhadores, capazes de trabalhos mecânicos, repetitivos, como robozinhos preparados e alimentados para cumprir sua função(só não podem é ter tempo nem oportunidade de estudar mais ferramenta de manipulação ideológica e classissista; reforçando as diferenças ao invés de incentivar a mudança. Minimizando o caos causado pela injusta divisão de bens.

A pedagogia sofre uma revolução em sua essência com a tese histórico filosófica,  de caráter revolucionário da pedagogia da existência. Neste momento, pode-se refletir sobre a história do homem e a influência desta na educação, as mudanças sociais e a luta de classes, trazidas com o capitalismo e seus reflexos na educação .Essa teoria pretende levar o sujeito aprendente a indagar-se ‘o que eu quero dizer com isso”; levando o sujeito a refletir sobre suas atitudes e pensamentos frente aos acontecimentos mundiais, sua própria história humana, sua influência no sistema educacional, as lutas de classes, as mudanças conhecidas e as esperadas.
A relação social na sociedade pós-feudal e atual capitalista é analisada pela tese Pedagógica-metodológica. Seu foco é a liberdade. Enfatiza que  os homens nascem livres e iguais e que assim  naturalmente deveriam permanecer.

São propostas para mudanças na estrutura educacional, formas de gestão descentralizada, fundamentadas em processos participativos, com ciclos de aprendizagem e currículos multiculturais, servindo-se de métodos de ensino ativos e avaliação formativa. Na prática educacional democrática caberá ao professor o papel de reforçar a capacidade crítica do aluno, a insubmissão às leis injustas e um posicionamento frente à sua responsabilidade de escolha política. Será considerado um sujeito ético politicamente se, além de conhecimentos científicos, pratica  autonomamente ações conscientes, voltadas para a transformação e a decência pública. Esta Educação deverá ser, na vida do aluno, uma experiência inovadora,, que desenvolva a criatividade, a criticidade e autonomia , dando a cada um a condição de se libertar da situação opressora; num contexto em que a política pública, participe da educação, aprovando leis que possa torna-la mais democrática, estará preparando futuros políticos que tenham uma visão melhor, mais humanitária e o futuro escolar se torne menos hostil. Pois quanto mais educada e preparada for a sociedade, mais participará e cobrará atitudes acertadas dos políticos.

A educação que deveria ser uma porta aberta ao excluído de outras políticas sociais, se tornou uma ferramenta de manipulação ideológica e classissista; reforçando as diferenças ao invés de incentivar a mudança para tentar minimizar o caos causado pela injusta divisão de bens.

O autor se refere a política interna da escola como a “Teoria da Curvatura da Vara’ ;  que como uma vara, se curva a uma e a outra teoria tentando se acertar na história da educação. Nas falas de Lênin, é incentivado a quebrada desse modelo educacional reprodutor da sociedade , e é enfatizado a mudança no modelo de ensino em que a escola deverá se posicionar ativamente  a favor de um sistema mais justo e igualitário, sem os tais privilégios de classe. Sendo necessário para isso formar cidadãos conscientes, das lutas sociais, das formas de dominação ideológica, de sua contribuição para esse sistema atuante continuar ou não, através de ensinamento desenvolvidos nas salas de aula. Mudando o discurso dos professores (operários), servindo agora ao seu semelhante e não à ideologia de uma classe, que explora, aborta os sonhos, paralisa e sacrifica a maioria . Como bem cita Charles Chaplin há muitas décadas, mas que se faz atual:

...’ Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de Lucas, está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem- não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos!  Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder de criar máquinas. O poder de criar  felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto, em nome da democracia- usemos desse poder, unamo-nos todos nós, lutemos por um mundo novo... um mundo bom, que a todos assegure o ensejo do trabalho que dê futuro à mocidade e segurança à velhice...”
 
Através  de seu brilhante estudo de resgate e compreensão da história da educação brasileira, Saviani faz provocações, no que diz respeito às questões de influência histórico-política nos papéis da escola na vida social. Deixa bem claro o papel do professor como transformador desta realidade educacional, e propõe, abre possibilidades para debates e discussões a respeito da relação educativa estar usando o educador a serviço do educando ou ás políticas governamentais do sistema vigente. Em contrapartida Saviani deixa claro seu pensamento de que a escola não resolve todos os problemas dos alunos, porém, ajuda-os a perceberem que podem contribuir para a melhora de suas próprias vidas.

Para o referido autor ensinar é produzir conhecimento, de modo que haja absorção dos conteúdos, promovendo assim igualdades de oportunidades transformando o meio em que vivem.

Dermeval acredita também que problemas de ordem familiar, nutricional, emocional, cognitivo,são  principais causas da evasão escolar; A comunidade escolar deve lutar, também contra toda forma de discriminação dos alunos e contra a educação seletiva, pois estas também são   fortes causas do fracasso escolar.

Concluindo suas observações sobre o ensino no livro Escola e Democracia (1987), Saviani, ressalta que o ensino não é apenas pesquisa, onde os professores buscam e os alunos atuam apenas como receptores, mas deve ser usada como meio de se levantar questionamentos, a fim de que haja também resolução de problema, transferindo para os alunos a responsabilidade/capacidade de pensarem e se posicionarem diante dos desafios cotidianos da vida. 

Através da análise de algumas obras do autor, é possível perceber que embora este se mostre otimista – apresentando soluções para melhorar o sistema educacional no país, a partir de uma análise histórica dos fatos -, Saviani apresenta sua obra de maneira realista, destacando os erros de um sistema de educação que desde os primeiros passos letivos foi corrompido e repleto de falhas, realizando um paralelo entre a política e a educação.   Sua obra por tratar de questões fundamentais da Educação brasileira, gerou a condição de uma obra que transcende os limites críticos da realidade; sendo sua marca principal a solidária militância.

O autor analisa em sua obra a relação entre sociedade e escola na história brasileira, enfatizando a responsabilidade da escola na transformação, não de mundo, mas do sujeito aprendente, ajudando-o a enxergar o mundo com olhos críticos, percebendo seus movimentos, acontecimentos históricos- sociais e saber seu papel dentro do sistema, seus direitos, deveres, se posicionando para alcançar um país melhor para si e pros outros (participando do processo de mudança).

Saviani nos faz refletir sobre o papel da escola  na sociedade e também na revolução que pode acontecer com a escola se posicionando a favor de justiça social e o professor atuando com seu papel de agente social, que busca o conhecimento, analisando suas causas e compartilhando esse saber com clareza e responsabilidade.
 Sua atividade intelectual, sempre a serviço da contra-ideologia, destina-se a explicitar valores necessários à libertação dos oprimidos.

A teoria da “curvatura da vara’ entende-se como uma sugestão para que uma sociedade se desperte e caminhe para alcançar aquilo que pela lei já temos – uma educação de qualidade (??), igualitária(??) e o direito de  cidadania para todos. Assim acontece a envergadura da vara, uma teoria propõe uma coisa, quando não da certo, enverga pra outro lado, até acharmos a solução para a sociedade  de um país de tantas expectativas e tantas desigualdades.

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